Ficar desempregado não é exatamente o sonho de 9 entre 10 brasileiros. O desemprego traz estresse, cansaço, chateação, amargura e em muitos casos, descrença. Sei disso tudo, pois, por quase 6 meses, estive desempregado. E o desemprego veio em um momento nada oportuno: minha esposa estava para sair de um emprego temporário, e esperava ser chamada em um concurso no qual havia sido aprovada.
Durante quase 6 meses, nossa vida ficou em estado de suspensão. Não sabíamos o que iria acontecer. De todos os currículos que mandei, os que eram respondidos traziam um “não”, e das entrevistas que conseguia, nenhuma deu prosseguimento. Os trabalhos como freelancer também estavam meio escassos neste período.
Não foram poucas as noites de dúvida e tristeza. Mas assim como o choro tem prazo de validade determinado, a noite de nossas almas teria fim. Como sempre, nós, pequeninos homens que somos, falhamos em ver o quadro sendo pintado como um todo, e olhamos apenas em parte. Por isso, gostaria de dividir com vocês um pouco do que aprendi ao observar as pequenas partes sendo pintadas, agora que consigo ver uma parte maior do quadro já terminada.
Não dê lugar ao ócio.
O ditado popular diz que “mente vazia é oficina do diabo”. Embora creia que isso esteja longe de ser verdade, uma coisa é certa: alguém que só fica vendo o tempo passar não vive para a Glória de Deus em sua própria vida. Uma das coisas que eu fiz para manter a mente focada em algo foi juntar algumas das músicas que havia composto há algum tempo (algumas tinham apenas dias de existência, outras, anos), relembrá-las e apresentá-las a dois amigos que me acompanharam na gravação do meu EP, “Canções para Grupos Pequenos”. Embora todo o processo de gravação e mixagem tenha tomado pouco mais de uma semana, a preparação para a gravação tomou um pouco mais de tempo.
Talvez no seu caso (caso o seu caso seja o desemprego) a criatividade possa ser canalizada de outra forma. Talvez você tenha uma câmera, e esse seja o momento ideal para desenvolver algo com fotografia. Ou talvez você tenha vontade de escrever, ou até mesmo ler mais. Ocupe seu tempo com boas leituras; leia a Bíblia. Não deixe de empenhar tempo no conhecimento da Palavra de Deus. Aprenda algo novo.
Muitas vezes deixamos de ver as oportunidades que nos cercam por medo. Medo é algo desastroso. Não sou adepto da filosofia “é melhor se arrepender do que fez, e não do que não fez”, mas quando tudo que temos é uma parede branca na nossa frente, o medo de arriscar algumas pinceladas coloridas não vai levar a lugar algum.
Abrace a bênção da família e amigos
Isso pode variar de caso para caso. O meu caso foi assim: Deus foi o provedor da minha casa através de meus pais, sogros, avós, irmãos e amigos. Deus nos sustentou espiritualmente e materialmente de uma forma inacreditável, a ponto de termos passado esses meses praticamente “ilesos” (salvo pequenas dívidas). Confesso que Deus foi muito maior que nossa fé, e minha sincera oração é para que Ele seja suficiente também para você, caso esteja passando por algo semelhante.
Mas a benção da família e amigos é muito mais que meramente bens. A benção maior é o amor. E algo que pude aprender nesse tempo foi a desfrutar dos momentos em família e com amigos. Pedi conselhos para meu pai. Pude chorar e ser confortado por minha mãe. Pude receber as orações de nossas avós, e ter certeza de que suas orações foram plenamente atendidas. Pudemos passar mais tempo com amigos, até mesmo dormindo na casa deles, mesmo que morassem a menos de 300 metros de distância. Pudemos orar juntos, compartilhar sonhos juntos, ver uma nova vida se formando. A “benção” do desemprego nos deu a oportunidade de passar mais tempo com pessoas maravilhosas, com quem muitas vezes o contato não vai além de um “oi” no corredor da igreja, ou um rápido e-mail.
Desfrute da companhia do seu amor
Salvo alguns poucos dias em que tinha alguma entrevista ou algo para resolver fora de casa (o mesmo no caso dela), passamos todo esse tempo juntos. Tivemos a oportunidade, mesmo em meio ao desemprego, de finalmente comemorarmos dois aniversários de casamento atrasados – 4 dias maravilhosos que não poderíamos ter aproveitado se não fossem as circunstâncias. Vimos muitos DVDs. Minha esposa participou comigo da gravação do EP. Vimos Deus confirmar meu chamado pastoral, e também O vimos mostrar a ela que o ministério pode ser bem diferente daquilo que ele conhecia e imaginava.
Eu não creio que essas coisas teriam acontecido se estivéssemos na correria que estava as nossas vidas. “Deus trabalhas de formas misteriosas”, disse William Cowper, um poeta protestante britânico, e não posso concordar mais com essa afirmação.
Conclusão
É lógico que nem todo desemprego se desenrola da forma como aconteceu aqui em casa, e entendam: longe de mim está achar que somos mais abençoados por Deus do que a média das famílias cristãs, pois eu aqui contei apenas as partes boas. Como disse no início, foram muitas noites de choro, tristeza e incertezas, além de inúmeros desentendimentos. Só que no final das contas, precisamos avaliar o quadro de uma forma ampla, e não restrita.
As coisas por aqui ainda estão se acertando, mas a perspectiva que temos é de um futuro biblicamente próspero: repleto de bênçãos espirituais, mais amor e, acima de tudo, das mudanças que Deus propõe para chacoalhar as nossas bases e nos levar a um novo nível de intimidade com Ele.
Eduardo Mano
FONTE: SOLOMON1
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